A origem dos centauros tem a ver com uma contenda ocorrida
entre os deuses olímpicos Íxion, Hera e Zeus. Certa vez, Íxion se apaixonou
pela deusa Hera, esposa de Zeus, e por isso tentou estuprá-la. Incomodada com o
ocorrido, ela contou a Zeus sobre o comportamento de Íxion esperando que alguma
providência fosse tomada. Procurando averiguar o relato da esposa, Zeus
esculpiu com nuvens uma estátua de Hera e a colocou perto de Íxion para
observar qual seria a sua reação
Ao pensar que a estátua realmente fosse a deusa Hera, Íxion
começou a se vangloriar por ter ultrajado uma divindade olímpica.
Imediatamente, Zeus prendeu o perverso Íxion em uma roda de fogo que girava
infinitamente e depois o lançou no Hades, que representava o inferno na
mitologia grega. A nuvem que fora violentada por Íxion deu origem a Kentauros,
que deu origem aos primeiros centauros após se enlaçar com algumas éguas magnesianas.
Outros relatos mitológicos contam que alguns centauros eram
frutos do relacionamento das divindades. O centauro Quíron, por exemplo, era
filho do deus Cronos e de Filira, filha do Oceano. Contrariando sua própria
espécie, geralmente bastante impulsiva e violenta, Quíron teria, ao longo de
sua vida, aprendido diversas habilidades ao ser educado pelos deuses Apolo e
Diana. Entre outras habilidades este centauro teria profundo conhecimento sobre
caça, medicina, botânica, música e futurologia.
Quando o herói Hércules se envolveu em uma batalha contra
os centauros, acabou acidentalmente atingindo Quíron, que era grande amigo seu
e havia repassado todos seus conhecimentos ao herói grego. Desesperado,
Hércules tentou curar o centauro ferido com uma medicação ensinada pelo próprio
Qíron. Contudo, infelizmente, não havia como evitar aquela terrível agonia.
Transtornado com as dores que sentia, Quíron pediu a Zeus
que fosse sacrificado. Triste com a prece daquele admirável centauro, o deus
supremo do Olimpo decidiu retirar a sua imortalidade e repassá-la a Prometeu.
Para que Quíron jamais fosse esquecido, Zeus decidiu homenageá-lo nos céus,
onde ficou sendo representado pela constelação de Sagitário.
Em uma outra situação Hércules se tornou amigo e matou acidentalmente
o centauro Folo, quando o herói grego foi incumbido da missão de capturar vivo
um terrível javali que aterrorizava os moradores da região de Erimanto. Em sua
passagem naquele lugar, Hércules foi acolhido por Folo que, tomando por imensa
alegria, resolveu abrir um odre de vinho em homenagem a seu amigo humano.
No meio tempo em que os amigos desfrutavam da bebida, os
outros centauros que viviam na região sentiram o agradável odor do vinho e, por
isso, tentaram invadir a residência de Folo e tomar seu estoque de vinho.
Atordoado com a invasão, Hércules se armou com seu arco e aniquilou com todos
os centauros invasores. Contudo, na pressa de se safar daquelas terríveis
criaturas, acabou acertando acidentalmente o seu amigo.
A mais famosa lenda grega sobre os centauros conta sobre a
batalha dos Lápitas e Centauros. Conforme o relato, Enomau, o rei de Pisa, era
pai de uma bela princesa chamada Hipodamia, a quem havia prometido sua mão em
casamento para aquele que conseguisse derrotá-lo em uma corrida de carros. Após
vencer e matar vários oponentes, o rei foi trapaceado por Pirítoo, que
conseguiu vencer a corrida após o cocheiro Mirtilo ter danificado as rodas do
carro real.
Na organização da festa de casamento, vários centauros
foram convidados para participar do evento que consagraria a união entre
Pirítoo e a belíssima princesa Hipodamia. Contudo, durante a celebração, o
centauro Eurítion ficou embriagado e tentou violentar a princesa. Seguidamente,
outros centauros também tentaram fazer o mesmo, dando início a um grande
conflito contra os humanos. As criaturas que sobreviveram ao conflito saíram em
debandada da região da Tessália.
Na interpretação das alegorias mitológicas, o centauro tem
a importante capacidade de salientar o conflito entre a razão e a emoção. Sendo
a parte superior de seu corpo humana, teria a capacidade de refletir sobre os
seus atos. Em oposição a essa característica racional, a parte inferior de seu
corpo representaria a violência física e os impulsos sexuais.
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